É comum ouvir-se entre alguns profissionais de saúde a tipíca
frase “é aquele que tem fibromialgia” (digo fibromialgia como poderia ter dito outra patologia qualquer). O que eu quero salientar com este comentário é o facto de as pessoas/utentes serem muitas vezes rotuladas, ou seja, quando o profissional tem um utente à sua frente no consultório apenas analisa sinais e sintomas e a seguir traça o diagnóstico, que passa a ser o rótulo para aquela pessoa.
O que acho que é preciso realçar é que por trás desse rótulo está “a pessoa” em si, com as suas características pessoais, influências ambientais e culturais. A pessoa é um ser bio-psico-social, e por isso não pode ser vista apenas como um diagnóstico (“rótulo”) e tratada apenas nesse sentido.
De acordo com o diagnóstico estabelecido é prescrito esta ou aquela terapêutica, mas sem muitas vezes diferenciar o Senhor João da D. Manuela que apresentam o mesmo rótulo. O João e a Manuela são pessoas diferentes, cada um com as suas características pessoais, com uma ambiente diferente à sua volta, com medos, receios, ansiedades e modos de viver a vida diferentes, com limitações diferentes, inclusivé, embora apresentando a mesma patologia.
Por ter o mesmo diagnóstico que outra pessoa, eu não sou igual, por isso cada intervenção, terapêutica aplicada também não vai ser igual.
Por exemplo, não se pode olhar para um utente que teve um AVC como igual a todos os outros que sofreram o mesmo, e seguir um plano de reabilitação nesse sentido. Cada utente é único e tem de ser visto como um todo. Não é o sr do AVC, mas sim o Sr João que tem esta e aquela limitação, incapacidade, que tem aquele ambiente familiar, que reage a determinadas coisas de determinada maneira. É um ser com a sua própria individualidade e contextualização como todos os seres.
É todo este “bolo” (individualidade e contextualização do ser) que um profissional de saúde tem de ter sempre presente quando tem o seu utente à frente e se realmente ama aquilo que faz.
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